segunda-feira, 23 de agosto de 2010

ATIVIDADE FÍSICA NA ESF

Caminhada tem menor difusão no Programa de Saúde da Família

Publicado por Júlio Bernardes em 29 de julho de 2010 - 18:55 - Categoria: Saúde

A caminhada pode ser inserida como um complemento terapêutico para o atendimento básico de saúde, mas uma pesquisa da Escola de Enfermagem (EE) da USP mostra que a sua difusão nas unidades com Programa de Saúde da Família (PSF) na cidade de São Paulo ainda é reduzida. A presença dos enfermeiros na organização de grupos de caminhada é avaliada na pesquisa do enfermeiro Vitor Hugo Amendola Marques, que recomenda maior participação dos profissionais da área, nas questões administrativas e de saúde coletiva, e não somente na parte clínica.

[1]
Caminhada não exige treinamento específico dos profisisonais de saúde
De acordo com a pesquisa, em São Paulo 40% das 235 unidades do PSF apresentam programas de caminhada. ?Na Secretaria Municipal de Saúde, havia em 2009 o registro de 689 práticas de saúde complementares ou integrativas, mas apenas 20,2% são específicas de caminhada, contra 57,6% de práticas orientais, como acupuntura e liang gong?, destaca o enfermeiro. ?A diferença talvez se deva ao fato do setor de atenção básica da Secretaria oferecer treinamento em medicina tradicional, o que inclui as práticas orientais.?

A prefeitura, em parceria com o Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul (Celafiscs), integra um programa de atividade física (?Agita Sampa?), com um protocolo validado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). ?Porém, muitos enfermeiros indicam a caminhada de forma acrítica, pautados apenas pela crença pessoal em seus benefícios?, afirma o pesquisador. ?O grande desafio é inserir a Prescrição de Atividade Física, que é um protocolo científico, na prática profissional.?

?O PSF preconiza, entre outros aspectos, a autonomia do sujeito em ações que revertam em saúde e bem estar?, diz Marques. ?A caminhada não necessita de um treinamento específico para os profissionais de saúde, como as práticas orientais, e nem da permanência de um especialista na unidade.? A pesquisa teve orientação da professora Ana Maria Chiesa, da EE. O trabalho terá continuidade com a elaboração de um protocolo de caminhada que inclua questões de administração e de saúde coletiva.

Atuação
De acordo com Marques, a atuação do enfermeiro dentro dos grupos de caminhada não deve se limitar aos aspectos clínicos. ?Na parte clínica, há uma sistematização de práticas, com uma consulta inicial e o diagnóstico de enfermagem, quando é feita a detecção do sedentarismo ou de problemas de saúde, tais como diabetes e hipertensão?, conta. ?Em seguida, acontece a prescrição da caminhada, seguida de consultas de acompanhamento.?

O protocolo de Prescrição de Atividade Física também pode ser utilizado para mensuração da condição física ? Sedentário, Fisicamente Ativo ou Suficientemente Ativo. ?Ele está pautado na Prática de Atividade Física com intensidade moderada, por no mínimo 30 minutos por dia, cinco dias por semana?, descreve o enfermeiro, ?podendo ser executada de forma contínua (uma única sessão) ou de forma acumulada (em duas ou três sessões)?.

?Não há necessidade do enfermeiro andar sempre com os pacientes, o que pode ser feito por um educador físico ou pelos agentes comunitários de saúde?, aponta o pesquisador. ?Porém, como a caminhada é uma modalidade terapêutica complementar de saúde, a intensidade, tempo e frequência deve ser acompanhada e ajustada, a exemplo do que é feito, por exemplo, no caso de tratamentos com medicamentos.?

A responsabilidade do enfermeiro também se estende aos aspectos administrativos, ressalta Marques. ?No PSF, cabe ao enfermeiro o gerenciamento das unidades de saúde e das equipes vinculadas?, explica. ?Para que a prática da caminhada possa ser realizada, ela deve estar inserida na estrutura e na programação da unidade.?

Na parte de saúde coletiva, o pesquisador afirma que a atuação não se resume apenas a levantamentos estatísticos, como quantificar o nível local de sedentarismo. ?As práticas de saúde da família estão muito ligadas aos condicionantes sociais na saúde das pessoas?, diz. ?Quando o enfermeiro, em conjunto com a comunidade, percebe o espaço em que acontece a caminhada, por exemplo, ele pode contribuir com ações que reivindiquem melhorias, fazendo os participantes exercerem seus direitos de cidadão.?

Mais informações: vitorhugomarques@yahoo.com.br [2]

Nenhum comentário: